Quem acompanha de longe a carreira de Carlos Alcaraz acaba vendo apenas o glamour da fama, do dinheiro e das conquistas precoces.
Mas a vida nos holofotes também tem seu lado duro — e a nova série da Netflix sobre o tenista espanhol consegue retratar isso com maestria.

Carlos Alcaraz: Do Meu Jeito é um retrato cru (e em alguns momentos duro) da pressão de ser um dos melhores tenistas do mundo — e de todos os sacrifícios que isso requer.
Em dado momento da série, Alcaraz expressa isso de uma maneira simples e clara.
“Há momentos que eu não tenho tanta vontade de jogar. Há momentos em que eu não quero viajar. Há momentos em que só quero ficar aqui,” diz ele, sentado em seu quarto na casa de seus pais, o mesmo que cresceu e onde vive até hoje, na pequena cidade de Murcia.
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“Quero ser o jovem de 20 anos que eu sou.”
Apesar do desabafo, Alcaraz sabe que não pode ser apenas um jovem de 20 anos. E boa parte dos dilemas e angústias de sua vida giram em torno dessa questão: como conciliar a vida de ‘superstar’ com a vontade de ter uma vida normal de jovem?
Na série, Alcaraz diz algumas vezes que seu sonho é se tornar o melhor tenista da história do esporte — um desafio e tanto que envolve superar os números do Big Three (Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic).
A ambição, no entanto, não se expressa completamente em suas ações — e Alcaraz mostra dificuldades de fazer os sacrifícios que essa meta demanda (e que Djokovic, por exemplo, sempre fez).
A série retrata um jovem que não quer abrir mão das festas e da diversão com os amigos, e que busca formas de tentar conciliar viagens para Ibiza com a disciplina que o tênis de alto nível demanda.
“As desconexões são boas, mas uma parte da sua cabeça tem que sempre lembrar que voce é um tenista,” resume Juan Carlos Ferrero, o treinador de Alcaraz e vencedor de um Grand Slam.
“É o preço que se tem que pagar. Todos temos esses pedágios a pagar.”
A dúvida que a série acaba deixando em aberto é justamente essa: Alcaraz está pronto para pagar esses pedágios? Ou suas prioridades serão outras?
Duas outras falas da série dão a dimensão do desafio.
“Para ser o melhor da história, você tem que ser um escravo,” diz Ferrero em outro momento. “Senão você terá que aceitar que talvez nunca chegue a ser a sua melhor versão.”
Já Nadal diz que “para conseguir o que Novak, Roger e eu conseguimos você tem que sentir que os sacrifícios estão valendo a pena e compensam. Se você sente que está sacrificando demais, você seguramente não vai chegar lá, porque você vai acabar cansando antes da hora.”