O diretor da Copa Davis, Feliciano López, deu uma longa coletiva onde abordou diversos temas: do domínio de Carlos Alcaraz e Jannik Sinner até a possibilidade de se disputar a Davis num formato bienal, passando pelos favoritos para o título deste ano.
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A coletiva vem em meio a disputa das finais do torneio, que estão acontecendo neste momento na Bolonha, na Itália.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Copa Davis a cada dois anos
“Não é algo novo. Já se falou tanta coisa sobre o formato da Davis… praticamente desde que comecei a jogar ouvi diferentes ideias, formatos, para engajar mais os melhores. Na época em que eu jogava, dizia-se que os melhores não participavam. A verdade é que chegamos até aqui ouvindo todo mundo. A ITF ouviu capitães, federações, jogadores… até chegarmos a este ponto. Acho que é um avanço importante poder disputar outra eliminatória, em setembro, no formato casa-fora, o formato histórico que sempre tivemos e que traz a essência da competição. Já são duas eliminatórias assim, e o produto das finais foi um grande sucesso em Málaga.
Estamos abertos a continuar ouvindo as pessoas, especialmente todas as partes envolvidas no tênis, para tentar melhorar, se for possível. Não quer dizer que tenha que ser jogada a cada dois anos, mas estamos abertos a escutar todos para que este formato seja o melhor possível. Acho que chegamos a um bom entendimento, e ter outra eliminatória em setembro somada ao formato de finais com 8 equipes… em Málaga funcionou muito bem, e estou convencido de que aqui será igual.
O tênis italiano vive o melhor momento da sua história, e estaremos aqui por três anos com um formato que, acreditamos, está bom. Dito isso, seguimos abertos a ouvir todo mundo: é fundamental que haja uma boa colaboração entre todos para que a Copa Davis tenha o lugar que merece no mundo do tênis.
Falar de comprometimento é jogar uma moeda para o alto. Vemos isso o tempo todo no circuito: o que um jogador pensa hoje, daqui a um ano e meio pode ser diferente. Vivi isso como jogador e, trabalhando em Madrid, continuo vendo. Acontece com os Masters 1000 de duas semanas… no fim das contas, o tênis muda constantemente e as preferências dos jogadores também. Há um grupo de jogadores a quem convém uma coisa; a outro grupo, outra. Então, colocar todo mundo de acordo nunca é fácil. O que disse antes, e mantenho, é que estamos contentes com o que temos agora. Acho que vale a pena apostar neste formato pelos próximos três anos, mas estamos abertos a seguir colaborando com todos para encontrar, se existir, algo ainda melhor.”
Domínio Alcaraz-Sinner
“Os números falam por si. Eu não tenho bola de cristal, mas se você me perguntar hoje, a curto prazo… não vejo isso mudando. Não vejo um ou vários jogadores capazes de disputar com eles os grandes títulos e o número um do mundo, o trono do tênis mundial. Daqui a três anos? Talvez apareça um Sinner da Eslovênia ou um Alcaraz de outro país. Ninguém sabe… mas hoje vejo uma diferença abismal entre os dois e o resto. Muito grande: porque são bons demais, técnica, física e mentalmente, e essa diferença vem aumentando com o tempo, já que eles têm a capacidade de seguir atualizando e melhorando o próprio tênis em todos os aspectos, enquanto outros não conseguem. É o momento que o tênis vive: é justo dizer que temos muita sorte de tê-los. São duas personalidades diferentes, dois grandes embaixadores do esporte.”
Ritmo de jogo dos dois
“É difícil medir, para ser sincero [se o ritmo deles é o mais rápido que já vi]. Alcaraz e Sinner jogam muito rápido, isso é evidente… mas Federer, Rafa, Djokovic e alguns outros da minha geração também faziam isso, jogavam muito rápido. Mais rápido? Pode ser que, em certos momentos, se compararmos as épocas, a velocidade da bola sempre tende a aumentar pouco a pouco, já que a preparação física, mesmo que só um pouco, vai evoluindo, e os jogadores batem cada vez mais forte. A média de velocidade com que se joga hoje talvez seja um pouquinho maior do que há alguns anos.
Eu vi partidas, principalmente de Federer e Djokovic, em que eles jogavam em uma velocidade brutal. Não sei se Sinner e Alcaraz jogam ainda mais rápido… mas jogam parecido. Talvez sejam mais explosivos em alguns momentos, especialmente o Alcaraz, embora o Sinner também se mova muito bem, apenas de uma forma diferente. Isso sim: quanto à velocidade pura de jogo, em trocas de fundo de quadra, pode ser que, por momentos, eles joguem um pouco mais rápido. Depende da superfície, do momento, é difícil medir. Sinner impõe um ritmo muito alto de jogo, e praticamente ninguém consegue acompanhar — o único que acompanha é o Alcaraz. No entanto, o Alcaraz tem outros elementos em seu jogo que pode usar. Ele continua jogando em ritmo alto, mas em outros momentos do jogo usa o saque-e-voleio, bolas altas… ele tem essa capacidade de mudar seu estilo conforme o momento ou o adversário.”
Favoritos da Copa Davis
“Vejo a competição muito aberta. A Itália é bicampeã, confirmou o título no ano passado em Málaga: foram os dominadores do tênis mundial, tanto no masculino quanto no feminino, também vencendo a Billie Jean King Cup… mas este ano está tudo muito aberto, o que acho que torna tudo mais interessante. Se Sinner e Musetti estivessem aqui, talvez a Itália fosse a clara favorita. Os Estados Unidos, que têm cinco ou seis jogadores de altíssimo nível para simples e duplas — uma equipe fortíssima — também não estão.
A Alemanha, com o Zverev, é outra candidata, já que o Sascha, nestas condições, se estiver bem, é difícil encontrar alguém que realmente o incomode, embora, claro, seja preciso jogar. É verdade que este ano está tudo muito aberto, e acho que isso é bom para a competição: depois de dois anos de domínio muito forte da Itália, o fato de outros países terem a chance de levantar o título é ótimo. Há países que nunca tinham chegado até aqui, como Áustria ou Bélgica — para eles é algo muito especial.”










