A derrota de João Fonseca na estreia de Toronto — numa partida em que o brasileiro estava sem ritmo, cometeu muitos erros e mostrou dificuldade nas devoluções — talvez seja um alerta sobre a necessidade de mudanças em seu calendário.
A equipe de João — que tem feito um trabalho bom até agora, buscando preservar o jovem tenista ao máximo — optou recentemente por um calendário focado nos grandes torneios (os Masters 1000 e Grand Slams) e por pausas maiores para descanso.
Antes do Masters de Toronto, por exemplo, João ficou 24 dias sem disputar nenhuma competição. Tirou uma semana de folga, e passou outras duas treinando no Rio.
É verdade que o calendário do circuito é extremamente puxado, e que pausas estratégicas podem ser importantes até para evitar lesões (algo que tem se tornado cada vez mais comum) e reduzir o estresse.
Mas certamente não faria mal a João incluir alguns torneios menores em seu calendário, buscando ganhar ritmo e conquistar a confiança que é essencial para qualquer tenista vencer partidas importantes.
Tentar impor um calendário igual ao de Carlos Alcaraz e Jannik Sinner a um tenista que ainda está se desenvolvendo, conhecendo o circuito e buscando encontrar o seu jogo parece algo no mínimo precoce — e que, ao que tudo indica, não está produzindo o resultado esperado.
João tem muito talento e potencial. Mas a dura verdade é que ele ainda não chegou lá. Para atingir o nível dos melhores do mundo, o brasileiro de 18 anos ainda vai precisar comer muito feijão com arroz — e, é claro, jogar alguns torneios menores.
O caminho é árduo e desafiador — e não permite atalhos.